A Comunidade Negra do Jatobá fica localizada a 8 quilômetros da cidade de Patu no Estado do Rio Grande do Norte. Lá vivem cerca de 68 pessoas numa terra de 85 hectares.Todos descendentes de Manoel e de Raimunda, que eram escravos de um grande proprietário das terras de patu de fora durante o século XIX. A propriedade foi adquirida em 1941, pois os mesmos entendiam que possuir um pedaço de terra era uma estratégia fundamental, era um lugar que servia de esconderijo para todos os parentes e amigos que tentavam a todo custo fugir das armadilhas.
Hoje essas famílias lutam com determinação e coragem enfrentando a cada dia os desafios em busca de qualidade de vida e igualdade para todos/as que ali residem. E foi a partir dessa união e da organização que surgiu o grupo de artesanato das mulheres quilombolas “Tecendo sonhos”. As mesmas foram contempladas com maquinas de costuras pela Palmares, com a construção de uma sede pela Fundação Banco do Brasil e também vem sendo assessorada por uma equipe técnica multidisciplinar da Sertão Verde em parceria com o Centro Juazeiro através do projeto de ATER Quilombola financiado pela SAF-MDA. Dentre as ações de ATER, destacam-se as oficinas de corte e costura que foi pensado de forma que viesse fortalecer o processo de produção organização e qualificação das mulheres quilombolas.
As mulheres executam varias atividades e também participam de encontros com inúmeras organizações sociais como: sindicato dos Trabalhadores/as Rurais. Palmares, Quilombo entre outras. E foi a partir desses encontros que surgiram diversas oportunidades que vieram somar para mudar a realidade das mulheres e de toda a comunidade. O grupo reúne-se duas vezes por semana os encontros acontecem na sede da comunidade. Foram feitas visitas pela equipe técnica que diagnosticou e planejou junto com o grupo a partir do interesse coletivo todo o processo de capacitação, organização e produção.
Hoje existe uma diversidade de produtos na comunidade como: o trançado de fitas, o trabalho com coxim, conjunto de cozinha, enfeite de pano de pratos, vagonite, almofadas trabalhadas, toalhas enfeitadas com seda e bico entre outras.
A comercialização desses produtos se dá através de feiras, encomendas, festas locais e em cidades circo vizinha.
Segundo Ana Servula artesã ativa, “essa experiência mudou muito a minha vida, pois tinha uma vida ociosa e agora vejo que tenho uma oportunidade de mudar a minha vida e ainda ajudar a aumentar a renda da minha família”.
Como afirma dona Dulcineia da Silva “Esse tipo de trabalho é uma terapia, assim esqueço um pouco que tenho problemas de saúde “.
Além das atividades do grupo as mulheres fazem parte da Diretoria, são a maioria nesse espaço de organização, ocupando as funções de presidente, tesoureira e secretária. Participam ativamente da organização do Fórum dos Movimentos Populares de Patu.
Uma grande conquista que simboliza a força, a coragem, a determinação, a união, é a implantação da mini-adutora que disponibilizará água encanada para todas as famílias quilombolas da comunidade. Esse projeto foi elaborado pela equipe técnica e financiado pelo Programa de Desenvolvimento Solidário, um investimento de R$ 44.000,00 (quarenta e quatro mil reais). Isso representa um marco na comunidade e de forma especial para as mulheres, pois são elas, as responsáveis pelo abastecimento da água em suas casas, o qual é feito através de uma carroça e na maioria das vezes carregam a lata d’agua na própria cabeça. Desse modo, irão ganhar mais liberdade, autonomia, e tempo para se dedicar ao grupo “Tecendo sonhos”.
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