Celebração: mais 10 mil famílias com tecnologias para produção de alimentos
Catarina de Angola (ASACom) |
Recife - PE |
04/12/2013 |

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) celebra a marca de mais 10 mil
tecnologias sociais de captação e armazenamento de água da chuva
construídas no Semiárido pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) com
o patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras
Desenvolvimento & Cidadania. Resultado alcançado seis meses após o
início do projeto, que prevê a construção de 20 mil tecnologias até maio
de 2014. Desde que surgiu, em 2007, o P1+2 já implementou mais de 35
mil tecnologias em todo o Semiárido brasileiro.
“Destaco a importância desse contrato com a Petrobras, pois amplia nosso
leque de parcerias e apoios. E amplia também o número de organizações
que apostam na perspectiva de convivência com o Semiárido que a gente
acredita”, pontua Cristina Nascimento, coordenadora da ASA pelo estado
do Ceará.
As primeiras tecnologias do P1+2 realizadas através desse patrocínio
foram inauguradas em julho deste ano, no Rio Grande do Norte. De lá para
cá, as 65 organizações da ASA que executam a ação em todos os estados
da região semiárida implementaram quatro tipos de tecnologias:
cisternas-calçadão, cisternas-enxurrada, barreiros-trincheira e
barragens subterrâneas. Todas elas estocam água da chuva para a produção
de alimentos e criação de animais.
“A cada novo parceiro, a gente tem a possibilidade de ampliar o processo
produtivo, a capacidade de produção de alimentos, a segurança alimentar
e a comercialização dessas famílias. Isso tudo tem um impacto grande na
dinâmica do Semiárido. Quando a gente imagina que em seis meses
conseguimos executar 10 mil implementações, são 10 mil famílias que
estão preparadas para estocar água do próximo inverno”, coloca
Cristina.
A execução do P1+2 não se restringe apenas a construção das tecnologias.
Existe um processo de mobilização das comunidades e de capacitação das
famílias e dos/as pedreiros/as. Além disso, envolve intercâmbios entre
agricultores e agricultoras, a participação deles/as em encontros e
atividades de troca de conhecimentos e a sistematização de experiências.
A formação de bancos de sementes também compõe a estratégia de
estocagem do P1+2, o que possibilita a organização coletiva das
comunidades para que possam guardar suas sementes e usá-las nas épocas
de plantio. Com isso, agricultores e agricultoras passam a ter autonomia
sobre o que plantar e quando plantar, não ficando dependentes das
sementes distribuídas pelo governo, que não são adaptadas a região. “A
ação do P1+2 é uma ação integrada. Você tem a água, tem a semente e
autonomia sobre o seu processo produtivo”, destaca Cristina.
Toda essa ação é baseada na troca de conhecimento de agricultores e
agricultoras. E os intercâmbios de experiências e encontros que o P1+2
promove fortalecem essa troca. “O central da ação da ASA não é
tecnologia, mas são os agricultores. A valorização do saber de homens e
mulheres, a valorização dessas experiências”, destaca Cristina. Esses
momentos de troca possibilitam a partilha de saberes e as formas de se
conviver com o Semiárido. Os encontros e intercâmbios mostram que os
agricultores/as têm estratégias para esses momentos, pois são
conhecedores da região e do clima que vivem. E as tecnologias que
guardam água da chuva, os bancos que guardam as sementes, e as diversas
outras formas de estocagem são umas das estratégias mais importantes
para a vida e produção na região semiárida.
Além das 10 mil tecnologias construídas nesses seis meses, as
organizações da ASA executoras desse contrato de patrocínio já
cadastraram 95% das famílias previstas para receberem as tecnologias e
cerca de 90% das implementações já estão com fornecedores contratados
para a entrega dos materiais. Até maio de 2014, as 20 mil tecnologias
devem estar finalizadas, o que significa que cerca de 100 mil pessoas no
Semiárido terão a possibilidade de guardar água para dinamizar sua
produção. No total serão 10 mil cisternas-calçadão, 6.450
cisternas-enxurrada, 3.330 barreiros-trincheira e 250 barragens
subterrâneas.
“Ampliamos nossa capacidade de execução, mas, além disso, ampliamos a
capacidade de monitoramento e fortalecemos nossa prática de rede. Também
continuamos nossa ação com autonomia dos processos políticos e
metodológicos e isso é importante porque nos dá força”, finaliza
Cristina.
Além do patrocínio da Petrobras, o Programa Uma Terra e Duas Águas
(P1+2) conta com a parceria do governo federal, através do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
Fonte: ASA BRASIL