quinta-feira, 14 de junho de 2012

ASA constroi cisternas no Complexo do Alemão


ASA constroi cisternas no Complexo do Alemão
Gleiceani Nogueira e Verônica Pragana
13/06/2012
As cisternas, que acumulam água da chuva no Semiárido brasileiro, vão ser replicadas no Complexo do Alemão como uma ação da Articulação no Sem-Árido (ASA), em parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB) e a Associação Verdejar, na Cúpula dos Povos. O evento, que acontece em paralelo à Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio +20, começa nesta sexta-feira (15), no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, e segue até o dia 22.

“As cisternas são tecnologias que mostram a autonomia dos povos e são construídas a partir dos saberes das pessoas. Elas geram liberdade e não dominação. Então a ideia é que a gente possa dizer na Cúpula dos Povos que a água é a centralidade da vida, dos processos sociais, em qualquer parte do mundo. E no Semiárido, em particular, há uma caminhada, uma experiência de melhor qualidade de vida a partir da experiência e do saber popular”, ressalta Procópio Lucena, coordenador da ASA pelo estado do Rio Grande do Norte.

Moradores da comunidade Sérgio Silva, no Complexo do Alemão, trabalham na escavação do buraco da cisterna | Foto: Luara Cristina
Uma das duas cisternas previstas já está sendo construída na comunidade Sérgio Silva, onde três moradores estão fazendo a escavação do buraco. Eles aguardam a chegada da agricultora potiguar e cisterneira Lindinalva Martins e do técnico da ASA Mário Farias, que vão construir o reservatório e ensinar a técnica.

A tecnologia tem capacidade para armazenar 16 mil litros e capta água da chuva que cai no telhado da casa e escoa através de calhas para o reservatório. Da janela da sua casa, Luara Cristina Rodrigues, acompanha o passo a passo da escavação. Ela nunca viu uma cisterna de perto, mas sabe como é a tecnologia porque assistiu uma reportagem na TV.

Luara vive na parte alta do morro, onde as famílias enfrentam problema de abastecimento de água. “Falta água aqui uma ou duas vezes por semana, mas tem período que ficamos até duas semanas sem”, explica. Ela e outros moradores descem o morro constantemente para pegar água. Com a chegada da cisterna perto de casa, Luara espera diminuir as viagens e usar a água para uso doméstico, quando necessário. 

Quem vai cuidar das cisternas e fazer o gerenciamento da água é a associação Verdejar, uma organização que trabalha com agroecologia urbana e ações de recuperação da vegetação da Serra da Misericórdia, que se estende por 27 bairros da Zona Norte carioca. De acordo com o coordenador da entidade, Edson Gomes, diferente do Semiárido onde a cisterna é uma tecnologia familiar, no Complexo do Alemão, ela ganha um caráter comunitário e vai atender centenas de famílias.

A água da cisterna construída na comunidade Sérgio Silva será usada para irrigar uma área de 300 m² onde funciona um Sistema Agroflorestal (SAF) e uma horta comunitária. Nesse terreno, os moradores cultivam alimentos agroecológicos e mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, que são usadas no reflorestamento de áreas degradadas no morro, sobretudo por queimadas.

“Toda essa concepção de agroecologia urbana dialoga conosco porque ela também passa pela ideia de uma melhor forma de viver, de proteger, cuidar e conservar a biodiversidade”,  ressalta Procópio. Ele também destaca a semelhança entre os moradores do Complexo do Alemão e os agricultores e agricultoras: “Eu vi uma comunidade alegre, trabalhadora. Uma comunidade de luta e de resistência, muito parecida com o Semiárido”.

A outra cisterna vai se localizar na comunidade Esperança e será construída após a Rio + 20 pelos seus próprios moradores. Ela vai funcionar no Centro de Educação Ambiental da Verdejar, que trabalha com formação de jovens, permacultura urbana e agroecologia. Além disso, a tecnologia também servirá como uma reserva de água para consumo humano, caso as famílias tenham necessidade.

Construção da maquete da cisterna no Aterro do Flamengo | Foto: Mário Farias
Território do Futuro
 - Além das cisternas do Complexo do Alemão, mais um reservatório da ASA foi construído no Rio de Janeiro especialmente para a Cúpula dos Povos. Esta, porém, não terá o tamanho original e também não poderá ser utilizada. O efeito dela é demonstrativo para que as pessoas, que circularem no Território do Futuro, montado no parque do Aterro do Flamengo, conheçam a tecnologia que tem mudado a vida de milhares de famílias agricultoras no Semiárido brasileiro.

A cisterna vai ficar interligada ao telhado da casa e a um calçadão, mostrando as duas formas de captação de água de chuva que a ASA trabalha. No Semiárido, a água que vem do telhado serve para consumo humano. Já a água que escoa do calçadão é destinada à produção de alimentos e dessedentação animal. A maquete está montada no estande da Fundação Banco do Brasil, um dos parceiros da ASA na disseminação das tecnologias. Quem quiser conhecer de perto as instalações, basta se dirigir ao Aterro do Flamengo nas imediações do Museu de Arte Moderna e do monumento dos Pracinhas. Um representante da Articulação vai estar no local para explicar como funciona a tecnologia.



FONTE: ASA BRASIL

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