quarta-feira, 20 de junho de 2012

ASA e parceiros comemoram entrega da cisterna no Complexo do Alemão


ASA e parceiros comemoram entrega da cisterna no Complexo do Alemão
Gleiceani Nogueira - Asacom
Rio de Janeiro | RJ
20/06/2012

Cisterna recém finalizada no Complexo do Alemão. Inauguração marcada para hoje pela manhã | Foto Luara Cristina Marins/Divulgação 
A Cúpula dos Povos está chegando ao fim e vai deixar, além de propostas e grandes reflexões para enfrentar a crise do capital, uma ação concreta no Rio de Janeiro: uma cisterna de placas construída no Complexo do Alemão. A cisterna é um forte símbolo de resistência do povo do Semiárido que tem convivido com a região devido a tecnologias que acumulam água, como esta cisterna.

A inauguração da cisterna acontece na manhã de hoje (20), às 11h, na comunidade Sérgio Silva. A tecnologia foi construída pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) em parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB) e a ONG Verdejar.

“Essa cisterna passa a ideia de que a água precisa ser democratizada em todos os lugares. Ela precisa ser guardada e cuidada, seja no Semiárido ou aqui na comunidade do Alemão. Então pra nós fica o aprendizado de que a nossa tecnologia, que surgiu da sabedoria do povo do Semiárido, pode ser implantada em qualquer lugar”, ressalta o coordenador da ASA pelo estado do Rio Grande do Norte, José Procópio Lucena.

Assim como no Semiárido, as famílias que vivem no Complexo do Alemão sofrem com a falta de água. Muitas delas, inclusive, estão na luta por tecnologias alternativas que possam garantir acesso à água e a outros serviços básicos como saneamento e energia elétrica.

“Nós sempre tivemos muita dificuldade com a água para manter essa horta. E, de um tempo para cá, começamos a fazer captação de água de chuva. Mas a nossa intenção, e parece que Deus escutou a gente, era ter um dia uma cisterna aqui nos moldes da ASA”, disse Zolmir Silva Figueiredo, coordenador da Verdejar. 

Além do plantio de hortaliças como alface, coentro, couve e rúcula, a água da cisterna vai ser usada para o plantio de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, que são usadas no reflorestamento da Serra da Misericórdia, uma grande área verde na zona norte do Rio de Janeiro que está bastante ameaçada. 

A preservação da Serra da Misericórdia sempre foi a grande luta e paixão do criador da Verdejar, Luiz Carlos Matos Marins, conhecido como Luiz Poeta. Ele faleceu em novembro do ano passado, aos 56 anos, mas deixou grandes lições, entre elas, a importância do cuidado com o meio ambiente. “A maior paixão dele era cuidar da natureza e o maior medo era a Verdejar acabar”, revelou Luara Cristina Rodrigues, filha do poeta.

De cisterneira para pedreiro - A cisterna foi feita pela agricultora e cisterneira Lindinalva Martins, conhecida como Linda, do Semiárido potiguar, e pelo pedreiro Eduardo Gomes, que mora em Sérgio Silva. A dupla trabalhou dia e noite durante uma semana e trocou muitos aprendizados. Eles também contaram com o apoio de outras pessoas da comunidade, que atuaram como serventes.

“A experiência foi muita boa porque eu também aprendi muito. Aqui é mais uma troca porque ele [Eduardo] também é pedreiro e a gente tá trocando saberes”, destacou Linda, que já construiu centenas de cisterna na sua região.

Eduardo, que acompanhou de perto cada etapa da construção, também ficou bastante satisfeito com o intercâmbio de experiência. “Eu trabalho na construção civil, mas isso [a cisterna] é uma coisa que eu não conhecia. É muito importante sempre obter conhecimento. Pra mim foi maravilhoso. E agora, principalmente, que temos essa horta aqui e vamos ter água em abundância para alimentar essas plantinhas que são essenciais para o planeta e para a saúde”, ressaltou.

Fote: ASA BRASIL

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